Reflexões
Em fim chegou a minha vez: sou um
sexagenário!!! Na reta de
chegada a essa condição passei a ter preocupações persistentes com o bem estar
físico, como atividades físicas, vacinas, hemograma e exames anuais da próstata,
bem como manter um dialogo permanente com meu corpo. A verdade nua e crua: ao
envelhecermos o medo da morte acentua-se dramaticamente.
Na segunda cirurgia da minha
vida, e já sexagenário, passei por uma experiência inusitada em termos de
sofrimento físico e mental.
Foi uma cirurgia simples de
hérnia inguinal, mas mesmo assim dramático o que demonstrou para mim que não
temos consciência da enorme fragilidade emocional que carregamos.
Em determinado momento no pós-cirurgia,
ainda no hospital, questionei profundamente se vale a pena existir e passar por
momentos tão dolorosos e outros que podem advir com maior intensidade e com
muito, muito, mais dramaticidade. Veio-me a compreensão com compaixão
de porque pessoas entram em depressão quando estão submetidas a tratamentos
dolorosos ou doenças terminais e decidem optar pelo suicídio.
Houve
momentos em minha vida que julguei os suicidas como covardes que não tinha a coragem de enfrentar as vicissitudes da vida
e, portanto não mereciam nenhuma solidariedade ou misericórdia. Eu era um crente
e acreditava que só Deus poderia tirar a vida, pois ela emanava dele. Hoje, um
ateu convicto defendo o direito individual a vida e que cabe ao indivíduo
decidir viver ou morrer, mas só depois dessa minha pequena experiência cirúrgica
eu tive essa compreensão com compaixão.